Ovodoação: entenda como funciona a doação e adoção de óvulos

ovodoação

Sumário

A ovodoação é uma alternativa da medicina reprodutiva para ajudar pessoas com diagnóstico de insuficiência ovariana a realizarem o sonho de ter um filho. Também conhecida como doação de óvulos, possibilita que mulheres, casais homoafetivos masculinos e pais solteiros formem suas famílias a partir de gametas heterólogos.

Nesse sentido, o tratamento é realizado através da Fertilização In Vitro (FIV) e tem ajudado milhares de pessoas na busca por uma gravidez.

No entanto, é importante ressaltar que em cada país existe uma regulamentação diferente tanto a doação como a recepção dos óvulos. Confira a seguir tudo sobre a ovodoação e como ocorre no Brasil!

O que é ovodoação?

A ovodoação ou doação de óvulos acontece quando uma mulher cede seus óvulos (doadora) para que outra pessoa os utilize na tentativa de engravidar (receptora). 

Para que isto seja possível, a fertilização do óvulo da doadora acontece em laboratório, usando o espermatozoide do parceiro da receptora. Dessa maneira, forma-se o embrião que será gestado no útero da paciente receptora.

Para quem se indica a ovodoação?

O programa de ovodoação é especialmente indicado para mulheres com diagnóstico de insuficiência ovariana; doenças genéticas transmissíveis a prole Assim, necessitam utilizar óvulos de outra pessoa para conseguirem engravidar.

Da mesma forma, casais homoafetivos masculinos ou homens solteiros também precisam recorrer à ovodoação quando decidem ter filhos. Nestes casos, além da doação de gametas femininos, será necessário ainda contar com a ajuda de um útero solidário.

Muitas mulheres que utilizam a ovodoação tem o diagnóstico de insuficiência ovariana, ocasião em que o ovário não possui mais óvulos com boa qualidade para serem fertilizados. Isto pode acontecer em mulheres jovens, que apresentam falência ovariana prematura e pacientes que passaram por tratamentos oncológicos. O mesmo ocorre em pessoas com idade avançada ou que já entraram na menopausa ou mesmo portadores de doenças genéticas transmissíveis a prole.

Nesse sentido, a busca por ovodoação vem crescendo, especialmente em virtude do aumento significativo de mulheres que postergaram a maternidade.

Confira, na imagem abaixo, os casos nos quais se recomenda a ovodoação para as mulheres:

Ovodoação: conheça a história e a Legislação

O programa de ovodoação surgiu a partir da década de 1980. Nesse sentido, na época, o sonho da maternidade passou a ser possível também com a utilização de óvulos heterólogos.

Dessa forma, os procedimentos de Reprodução Assistida, incluindo a ovodoação, são protegidos por portarias e normativas, de acordo com a Resolução – RDC N° 771/2022 da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Além disso, as regras para o procedimento também estão bem definidas através da Resolução nº 2.294/21, do Conselho Federal de Medicina (CFM), publicada em 2021.

Entenda como funciona a ovodoação no Brasil

A ovodoação no Brasil possui regras específicas.

E como já mencionamos acima, seguem diretrizes bem definidas pela lei de biossegurança, da RDC e do Conselho Federal de Medicina.

  1. A doação não poderá ter caráter lucrativo ou comercial;
  2. Os doadores não devem conhecer a identidade dos receptores e vice-versa, a não ser nos casos de doações de parentes até 4° grau de parentesco, contanto que não ocorra consanguinidade; 
  3. A idade limite para a doação de gametas é de 37 anos para a mulher e de 45 anos para o homem;
  4. No caso das doações anônimas, mantém-se, obrigatoriamente, sigilo sobre a identidade dos doadores de gametas e embriões, bem como dos receptores. Em situações especiais como motivação médica, informações sobre os doadores podem ser fornecidas exclusivamente para médicos, resguardando-se a identidade civil do(a) doador(a); 
  5. A escolha das doadoras de oócitos é de responsabilidade do médico assistente. Dentro do possível, deverá garantir que a doadora tenha a maior semelhança fenotípica com a receptora;
  6. Permite-se a doação voluntária de gametas, bem como a doação compartilhada de oócitos em RA, quando a doadora e receptora participam de tratamento de medicina reprodutiva. Desta forma, compartilham tanto do material biológico quanto dos custos financeiros que envolvem os tratamentos, sendo que a doadora tem preferência sobre o material biológico;
  7. Doação entre parentes.

Quais são os tipos de ovodoação?

A doação de óvulos é uma decisão solidária e altruísta que tem como objetivo ajudar outras pessoas a terem seus filhos. Nesse sentido, existem dois tipos de ovodoação:

Ovodoação Altruísta

A ovodoação voluntária se dá quando a doação dos óvulos é feita por uma mulher fértil de até 37 anos e com único objetivo de ajudar pessoas com dificuldades para ter filhos. Dessa forma, a doadora se submete a um processo de estimulação ovariana e coleta dos óvulos. 

Ovodoação Compartilhada

A ovodoação compartilhada ocorre quando uma mulher, que está em tratamento de reprodução assistida, divide seus óvulos coletados com outra paciente que também passa pelo processo de FIV. Ou seja, a doadora utiliza parte dos seus óvulos e doa outra parte para a mulher receptora.

Nesse caso, além dos gametas, elas compartilham também os custos do tratamento. Vale ressaltar que tudo ocorre de forma anônima e por intermédio da clínica.

Ovodoação: quem pode doar?

Para ser doadora em um processo de ovodoação é preciso ter no máximo 37 anos, porém cada clínica pode ter seus critérios, aqui aceitamos pacientes até 34 anos, e uma boa reserva ovariana avaliada através do exame de Anti- Mulleriano (HAM) e exame de imagens ultra transvaginal, no caso das doadoras para contagem de folículos antrais. Além disso, a candidata a doar óvulos deve fazer testes para marcadores de doenças infecto-contagiosas como HIV, Hepatites, Sífilis, entre outras. Cariótipo de banda G eletroforese de Hb, entre outros que são do protocolo da clínica e triagem familiar até as doenças crônico degenerativas e mentais debilitantes.  

Sendo assim, para complementar a avaliação, quem deseja compartilhar seus gametas também precisa passar por consultas com a  enfermeira responsável pelo setor de ovodoação. A partir de todas essas informações, decide-se se a mulher está apta a doar seus óvulos.

Confira os pré-requisitos para doação de óvulos na imagem abaixo:

  • Mulher com até 34 anos;

Mas eu posso escolher quem vai doar os óvulos?

Como já mencionamos acima, de acordo com as leis brasileiras, a doação de óvulos é anônima. Ou seja, os doadores não devem conhecer a identidade dos receptores e vice-versa. Exceto em casos familiares, no qual, se for parente até 4º grau de parentesco e não ocorrer consanguinidade, é possível doar. 

Adoção: quem pode receber?

Para que uma mulher possa ser receptora de ovodoação, é preciso que se encontre em condições clínicas que permitam a ela engravidar sem risco para sua saúde. Dessa forma, é necessário passar por uma avaliação médica completa para determinar a viabilidade do tratamento.

Além disso, o fator idade pode ser um limitador. Segundo a Resolução nº 2.294/21 do Conselho Federal de Medicina CFM, a idade máxima das candidatas à gestação de Reprodução Assistida é de 50 anos. Isso independente se for com óvulos próprios ou doados.

Como é feita a ovodoação?

A ovodoação é um processo mais complexo do que a doação de espermatozoides. Dessa forma, a doadora precisa de preparo para a coleta dos gametas.

Etapas da ovodoação:

  • Estimulação ovariana: essa é a primeira etapa do processo e consiste em administração medicamentosa, por cerca de 10 dias, para estimular que os folículos se desenvolvam. Essa quantidade pode variar muito de mulher para mulher, de acordo com a sua reserva ovariana; 
  • Controle da ovulação por ultrassonografia: durante a estimulação acompanha-se, o crescimento dos folículos por ultrassonografia. Quando atingem um certo tamanho, administra-se na doadora o hormônio hCG. Sua função é provocar o amadurecimento dos óvulos de dentro dos folículos;
  • Punção folicular: cerca de 36 horas após a administração do hCG, acontece a aspiração do conteúdo existente dentro de cada folículo, no qual ficam os óvulos. Esse procedimento é guiado por ultrassom e com uma agulha acoplada no aparelho ocorre a aspiração de todos os folículos que se desenvolvem durante a estimulação ovariana de forma indolor, pois a paciente é anestesiada;
  • Congelamento dos óvulos: após a coleta, pode-se manter os óvulos podem ficar criopreservados por tempo indeterminado.

No caso de ovodoação compartilhada, quando já existe uma receptora selecionada, no momento em que se coleta os óvulos da doadora, coleta-se também os espermatozoides do marido da receptora. Assim, os embriologistas podem começar o processo de Fertilização In Vitro, unindo os dois gametas em laboratório para formar embriões. 

Após alguns dias em cultivo, ocorre a transferência dos embriões para o útero da futura mãe. O mesmo pode acontecer utilizando espermatozoides doados.

A paciente receptora passa pelo preparo do endométrio, através de administração medicamentosa, realizando controle através de ultrassonografias. Após a avaliação do exame de imagens ou técnicas complementares, como o teste ERA (teste de receptividade endometrial), o médico poderá realizar a transferência do embrião ao útero.

Existem bancos de óvulos no Brasil?

No entanto, é possível recorrer a bancos internacionais que realizam uma criteriosa investigação das candidatas para doação e oferecem uma ampla possibilidade de seleção.

Diferente do que acontece com as brasileiras, em alguns países as mulheres podem ser remuneradas para realizar esta doação.

Quais são as taxas de sucesso da ovodoação?

Na ovodoação, o importante é a idade do óvulo (doadora) e não do útero (receptora), o que aumenta as chances de gravidez. Desta forma, como existem critérios na escolha das doadoras, que incluem mulheres com menos de 37 anos, as chances de gestação com óvulos doados são de 50 a 60%.

Cuidados durante o tratamento

As mulheres que se preparam para uma ovodoação, seja como doadora ou receptora, devem manter a saúde em ordem. Para isso, indica-se seguir bons hábitos de vida com uma alimentação equilibrada, sem fumar ou ingerir bebidas alcóolicas. Além disso, é importante dormir bem e realizar atividades físicas para garantir o equilíbrio físico e mental.

Uma vez realizado o tratamento de Fertilização In Vitro (FIV) por meio da doação de óvulos, e confirmada a gravidez, os cuidados serão os mesmos de uma gestação obtida através de relação sexual. Neste momento, encaminha-se a paciente para o médico obstetra para dar início ao pré-natal. 

Filhos de ovodoação são diferentes dos pais?

Os filhos de ovodoação são geneticamente diferentes das mães, isso porque os óvulos são doados por outra mulher.

No entanto, há estudos que revelam a influência da epigenética em filhos gestados através de óvulos heterólogos. 

Dessa forma, mesmo não tendo o DNA desta mãe, eles recebem influência do ambiente em que estão se desenvolvendo e podem adquirir característica da mãe que o carrega. 

Ovodoação: depoimentos de quem passou pelo processo

Muitas vezes a ovodoação é o único caminho possível para conseguir realizar o sonho de gestar um filho. Por isso, disponibilizamos relatos reais de pessoas que passaram por este processo. 

Os depoimentos abaixo são anônimos e foram coletados por profissionais da Nilo Frantz Medicina Reprodutiva e publicados no Portal de Ovodoação da clínica, mediante autorização dos participantes.

S & R

“Não tenham medo. Vocês nunca, em momento algum, duvidarão que ele (ela) é seu filho. A conexão com o bebê é uma construção diária, não nasce no laboratório. Cada semana que passa vocês se tornam mais próximos, mais íntimos. E esse laço se intensifica após o nascimento. Na amamentação, por exemplo, você e seu filho se conectam de um modo único. Foi a melhor e mais sábia decisão a que tomamos de aceitar a ovodoação.”

F & P

“É um amor que transborda, que chega doer, e tem sido assim todos os dias. E aquele rostinho ali te faz renascer naquele momento. Gratidão a quem me ajudou. A nossa história começou no momento em que ela chegou em mim. Eu sou o princípio deste amor, mãe e filha.”

B & S

“Ter um filho é um sentimento único, indescritível. Não há palavras que possam definir e expressar a sensação sentida nesse momento. É uma mistura de sentimentos, que vão desde a apreensão de ver que deu tudo certo, que ela está ali, “com tudo no lugar”, até a euforia e a alegria de ver e sentir ela nos braços. Um sentimento que se renova dia após dia.”

M & A

“Nunca desista. O caminho muitas vezes pode ser longo, muitas tentativas, muitas lágrimas derramadas com resultados negativos, muitos tratamentos medicamentosos, muito investimento emocional e, porque não dizer, financeiro. Mas sem sombra de dúvidas, vale MUITO a pena. Ter a nossa família completa hoje é a conquista do maior objetivo das nossas vidas. Além disso, escolha um serviço de referência em tratamento de Fertilização In Vitro. A equipe da Clínica do Dr. Nilo Frantz foi sem dúvida fundamental para a nossa conquista e assim como nós, eles nunca desistiram do nosso sonho. Nós só temos a agradecer a todos.”

F & R

“A maior dificuldade é justamente a aceitação. A fase do luto, que precisa ser superada. Renunciar aos pré-conceitos que formamos ao longo da vida. Abrir mão da carga genética e a expectativa que ela traz quando se gera um filho. Estabelecer uma relação de confiança com os profissionais para a escolha da doadora e com isso receber de olhos fechados, mas de coração aberto, o desconhecido. Quanto ao tratamento em si, é difícil superar a ansiedade pelo resultado, a preparação do endométrio e as expectativas de que tudo transcorra bem e de que o bebê seja saudável.”

V & G

“Eu sempre quis ter dois ou três filhos e eu pensei que se esta era a maneira que eu tinha de realizar meu sonho, seria assim que eu faria. E que caso não fosse assim eu teria que adotar uma criança. Ao invés disso, eu adotei um óvulo.”

C & F

“Meu marido aceitou em conjunto comigo, então não vi obstáculos. Eu sabia que não conseguiria um óvulo meu, mas com o óvulo doado vi uma luz no fim do túnel de que alcançaria a nossa tão sonhada gestação.”

S & M

“Abram o coração para a Ovodoação. É preciso se informar sobre o assunto e estar aberto para escolher essa possibilidade, de conhecer este amor. Estar amparado por uma boa equipe de profissionais é com certeza o diferencial para transpor as dificuldades. Ter este sonho concretizado vale todo o caminho a ser percorrido. O medo, as incertezas, os momentos de angústia fazem parte deste processo. Mas são superados com o amor que chega, e nos realiza.”

M & E

“Na primeira consulta fomos dispostos a fazer o tratamento com maior possibilidade de sucesso. Então, quando o médico o definiu como o mais assertivo, não tivemos dúvida de que seria a melhor escolha a se fazer.”

F & K

“A aceitação pela Ovodoação foi gradual na medida em que me informei melhor sobre o assunto e ponderei sobre ser a única possibilidade de realizar o sonho de ser mãe gestando. A terapia tem papel importante, assim como estar bem orientada e ter segurança na equipe de profissionais escolhida.”

D & P

“Não tenho palavras pra explicar meu sentimento… era o meu sonho se realizando. Já tenho um filho com meus óvulos. Mas não teve diferença alguma entre um e outro, nem no nascimento e muito menos agora.”


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